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Quem sou eu?

Atualizado: há 3 dias

“Lembra-te de quem és!” – Foi uma mensagem que encontrei um dia, enquanto passeava por uma das ruas de Lisboa. Chamou-me a atenção pela sua profundidade. Pela dificuldade que senti em responder com clareza. Pela dificuldade que senti para me definir.

Quem sou eu? - Perguntei-me.



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Grande parte da nossa vida andamos à procura de nós próprios. É uma procura inconsciente. Procuramo-nos nos outros, naquilo que gostamos, naquilo com que nos identificamos, em como ocupamos o nosso tempo, na profissão que escolhemos ter, etc. Mas quando nos fazemos esta pergunta, dificilmente temos uma resposta imediata.

Vem-nos à mente todas as coisas que os outros dizem de nós. És bonita. És criativa. És interessante. És preguiçosa. És irresponsável. És perfeccionista. És vaidosa. És generosa. És muito fechada. És divertida. És meiga. És crítica. És ingénua. És demasiado responsável. És fria. És boa demais… Mil e uma coisas que se contradizem umas às outras.


Quem somos, então? Será que somos a nossa profissão? Ou somos a filha, a irmã, a amiga, a mãe, a tia, a avó? Ou será que somos a reunificação de todas as partes que os outros consideram que somos? Uns vêem a parte de nós que é generosa e outros vêem a parte de nós que não é tão generosa. E por aí em diante. Então, somos um pouco de tudo. Sim?


Quem somos nós afinal?


Será que quem nós somos se reduz à visão que os outros têm de nós? Ou será que a visão que os outros têm de nós é que é reduzida? Será que conseguimos nos mostrar completamente aos outros? Será que eles conseguem nos enxergar em toda a nossa dimensão? Ou será que isso depende de cada um e de como cada um olha o mundo à sua volta?


Se nós estivermos com um amigo que partilha o nosso gosto de música clássica, isto passa a ser para ele, algo que nos identifica, e nos define no universo dele. Mas se nós estivermos com um amigo que partilha o nosso gosto de rock, no universo dele, ele identifica-nos como a amiga que gosta de rock. Cada um deles tem uma visão diferente de nós. Cada um deles nos reduz àquilo que eles gostam e vêem de nós, para nos identificar na realidade deles. Para os meus pais eu sou a filha, para os amigos eu sou a amiga, para os meus clientes eu sou a coach. Cada um conhece uma parte de mim. Cada um conhece uma face minha. E cada face se expressa de forma diferente na realidade de cada um deles.


No entanto, nós não somos apenas aquilo que os outros vêem de nós, nós somos muito mais do que essa visão. Cada uma dessas pessoas nos conhece num ambiente diferente, num tipo de relação diferente. E isto acontece com tudo, com todas as nossas características que nos definem. Para uns, somos vistos como demasiado responsáveis, para outros como irresponsáveis. Para uns somos sábios, para outros, a nossa sabedoria não faz sentido. Tudo depende da realidade que cada um construiu, de acordo com os seus valores, crenças, conceitos. De acordo com a sua visão de responsabilidade. De acordo com a sua visão de sabedoria.


Então, quem somos nós? Quem escolhemos ser? Será que depende assim tanto dos outros? Ou será que depende de como nós nos sentimos connosco próprios? Quem somos nós independentemente de como os outros nos vêem? Como nos vemos a nós próprios?


Para sabermos quem somos realmente


é necessário criarmos o nosso espaço. O nosso mundo interior, aonde podemos estar connosco próprios, ouvir os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, as nossas sensações, aonde percebemos os nossos valores, crenças, sonhos. É neste mundo que vamos perceber o que é nosso e o que é dos outros. E é aí que aprendemos a rejeitar o que não é nosso. Perceber que aquela é uma visão do outro de nós, devido às experiências de vida, conceitos, valores, crenças, que o outro tem da vida, mas não é quem nós somos na totalidade. E é assim que nós nos vamos conhecendo. Absorvendo e rejeitando. Isto sou eu. Isto não sou eu. É assim que escolhemos amizades, definimos os nossos gostos, como escolhemos ocupar o nosso tempo.

Isto só pode ser bem feito quando temos este espaço interno. Quando disponibilizamos uma parte do nosso tempo para estar neste espaço. É assim que criamos a nossa identidade.


Quando percebemos quem somos nas diferentes situações da nossa vida, independentemente do que os outros pensam de nós, só aí podemos dizer que nos conhecemos. Só aí podemos dizer quem realmente somos.


E quando esta identidade estiver criada,


formada, e percebermos quem viemos ser, as escolhas que fazemos se baseia nesta nova visão de nós próprios. Vamos escolher estar rodeados de pessoas que vêem o melhor de nós, pois só com essas é que vamos poder ser verdadeiros connosco próprios. Elas ajudam-nos a expressar o que há de melhor em nós. Não é à toa que existe aquela frase “Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és.” É o ambiente em que escolhemos estar que dita quem queremos ser. Se escolhermos estar rodeados de pessoas que não gostam de nós, é porque nós também escolhemos não gostar de nós, e consequentemente, vamos expressar as nossas piores características.


O nosso sol interior só pode brilhar quando se rodeia daqueles que apreciam o seu brilho. É aqui que nos expandimos e que expressamos as nossas melhores qualidades. É por isto que é tão importante definirmos quem queremos ser. Porque todas as nossas boas escolhas vão se basear nesta visão de nós próprios.

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